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Archive for the ‘Budismo’ Category

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.
– Qual é o gosto? – perguntou o Mestre.
– Ruim – disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago. Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago. Então o velho disse:
– Beba um pouco dessa água. Enquanto a água escorria do queixo do jovem o Mestre perguntou:
– Qual é o gosto?
– Bom! disse o rapaz.
– Você sente o gosto do sal? perguntou o Mestre.
– Não disse o jovem.
O Mestre então, sentou ao lado do jovem, pegou em suas mãos e disse:
– A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido de tudo o que está a sua volta. É dar mais valor ao que você tem do que ao que você perdeu. Em outras palavras: É deixar de Ser copo para tornar-se um Lago.

Pensamento Zen-Budista

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“A água é submissa, mas tudo conquista. A água extingue o fogo ou, diante de uma provável derrota, escapa como vapor e se refaz. A água carrega a terra macia, ou quando se defronta com rochedos, procura um caminho ao redor. A água corrói o ferro até que ele se desintegra em poeira; satura tanto a atmosfera que leva à morte o vento. A água dá lugar aos obstáculos com aparente humildade, pois nenhuma força pode impedi-la de seguir seu curso traçado para o mar. A água conquista pela submissão; jamais ataca, mas sempre ganha a última batalha.”

(Tao Cheng de Nan Yeo, estudioso taoísta do séc. XI, citado por Blofeld em seu The Wheel of Life)

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Buda estava sentado embaixo de uma árvore falando aos seus discípulos. Um homem se aproximou e deu-lhe um tapa no rosto. Buda esfregou o local e perguntou ao homem: – E agora? O que vai querer dizer?

O homem ficou um tanto confuso, porque ele próprio não esperava que, depois de dar um tapa no rosto de alguém, essa pessoa perguntasse: “E agora?” Ele não passara por essa experiência antes. Ele insultava as pessoas e elas ficavam com raiva e reagiam. Ou, se fossem covardes, sorriam, tentando suborná-lo. Mas Buda não era num uma coisa nem outra; ele não ficara com raiva nem ofendido, nem tampouco fora covarde. Apenas fora sincero e perguntara: “E agora?” Não houve reação da sua parte.

Os discípulos de Buda ficaram com raiva, reagiram. O discípulo mais próximo, Ananda, disse: – Isso foi demais: não podemos tolerar. Buda, guarde os seus ensinamentos para o senhor e nós vamos mostrar a este homem que ele não pode fazer o que fez. Ele tem de ser punido por isso. Ou então todo mundo vai começar a fazer dessas coisas. – Fique quieto – interveio Buda – Ele não me ofendeu, mas você está me ofendendo. Ele é novo, um estranho. E pode ter ouvido alguma coisa sobre mim de alguém, pode ter formado uma idéia, uma noção a meu respeito. Ele não bateu em mim; ele bateu nessa noção, nessa idéia a meu respeito; porque ele não me conhece, como ele pode me ofender? As pessoas devem ter falado alguma coisa a meu respeito, que “aquele homem é um ateu, um homem perigoso, que tira as pessoas do bom caminho, um revolucionário, um corruptor”. Ele deve ter ouvido algo sobre mim e formou um conceito, uma idéia. Ele bateu nessa idéia.

Se vocês refletirem profundamente, continuou Buda, ele bateu na própria mente. Eu não faço parte dela, e vejo que este pobre homem tem alguma coisa a dizer, porque essa é uma maneira de dizer alguma coisa: ofender é uma maneira de dizer alguma coisa. Há momentos em que você sente que a linguagem é insuficiente: no amor profundo, na raiva extrema, no ódio, na oração.

Há momentos de grande intensidade em que a linguagem é impotente; então você precisa fazer alguma coisa. Quando vocês estão apaixonados e beijam ou abraçam a pessoa amada, o que estão fazendo? Estão dizendo algo. Quando vocês estão com raiva, uma raiva intensa, vocês batem na pessoa, cospem nela, estão dizendo algo. Eu entendo esse homem. Ele deve ter mais alguma coisa a dizer; por isso pergunto: “E agora?”

O homem ficou ainda mais confuso! E Buda disse aos seus discípulos: – Estou mais ofendido com vocês porque vocês me conhecem, viveram anos comigo e ainda reagem. Atordoado, confuso, o homem voltou para casa. Naquela noite não conseguiu dormir.

Na manhã seguinte, o homem voltou lá e atirou-se aos pés de Buda. De novo, Buda lhe perguntou: – E agora? Esse seu gesto também é uma maneira de dizer alguma coisa que não pode ser dita com a linguagem. Voltando-se para os discípulos, Buda falou: – Olhe, Ananda, este homem aqui de novo. Ele está dizendo alguma coisa. Este homem é uma pessoa de emoções profundas. O homem olhou para Buda e disse: – Perdoe-me pelo que fiz ontem. – Perdoar? – exclamou Buda. – Mas eu não sou o mesmo homem a quem você fez aquilo. O Ganges continua correndo, nunca é o mesmo Ganges de novo. Todo homem é um rio. O homem em quem você bateu não está mais aqui: eu apenas me pareço com ele, mas não sou mais o mesmo; aconteceu muita coisa nestas vinte e quatro horas! O rio correu bastante.

Portanto, não posso perdoar você porque não tenho rancor contra você. E você também é outro, continuou Buda. Posso ver que você não é o mesmo homem que veio aqui ontem, porque aquele homem estava com raiva; ele estava indignado. Ele me bateu e você está inclinado aos meus pés, tocando os meus pés; como pode ser o mesmo homem? Você não é o mesmo homem; portanto, vamos esquecer tudo. Essas duas pessoas: o homem que bateu e o homem em quem ele bateu não estão mais aqui. Venha cá. Vamos
conversar.

 

Osho; Intimidade Como Confiar em Si Mesmo e nos Outros

 

Fonte:  http://www.universalismo.org/09/04/2009/buda-e-o-tapa-na-cara/

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Paga-se mal a um mestre, quando se continua sempre a ser o aluno
(Friedrich Nietzsche, Ecce Homo, Prólogo, parágrafo 4)

Há um ditado Zen de imenso valor que diz: “Se você encontrar o Buda no caminho, mate o Buda”. Mas Buda está morto há 25 séculos! Onde você vai encontrá-lo, e de que maneira? E como você pode matar alguém que já está morto há 25 séculos?

É um sentido totalmente diferente: Esta é uma mensagem para o discípulo que ama Buda, que o ama tanto que existe a possibilidade de que Buda se torne sua última barreira – porque ele ama, porque ele é um discípulo, porque ele medita e penetra cada vez mais dentro do seu ser, ele se sentirá cada vez mais grato a Buda. E, no último momento, o Mestre deve ser deixado para trás… no último momento. Bem no fim você deve dizer adeus ao Mestre também. Lembrem-se de que isto é uma coisa interior, e não tem nada a ver com o exterior. Quando quase todos os pensamentos desaparecerem, e só um restar: o do seu Mestre.

E muito difícil dizer adeus. Você deve tanto para o Mestre – ele tem sido sua fonte, sua transformação; Ele tem sido sua nutrição, sua vida; Ele trouxe você ao longo de todo o caminho. E agora dizer adeus para a pessoa que tem sido seu guia, seu amigo? Dizer que adeus para aquele que tem sido um companheiro constante na noite escura da alma; Justo quando o amanhecer está vindo, devo dizer adeus para ele? Parece impossível! E o discípulo, no último instante, começa a se agarrar à idéia do seu Mestre.

Mas isso se torna uma barreira. O próprio Mestre dará ele mesmo um empurrão, e se você não atentar para o empurrão, então ele lhe dará um pontapé na bunda! – Porque você tem que ir, você tem que entrar no desconhecido.

O Mestre mesmo diz – eu digo a você – “Se você me encontrar no caminho, mate-me!” Mas o que significa isso? Você não me encontrará na Rua M.G.! Se você for pra dentro de si mesmo, na última esquina estarei esperando por você.

E será difícil dizer adeus, sempre têm sido difícil dizer adeus. Daí o ditado dizer apenas para matar o mestre; Não há necessidade nem de dizer adeus; Mate o Mestre, para que não haja necessidade de olhar para trás; Mate o Mestre, para que você agora possa estar totalmente só, com nem mesmo a sombra do Mestre com você. E isto é feito em grande agradecimento, em grande gratidão.

Primeiro se torne um discípulo, comece a mover-ve pra dentro de si, e só então poderá me encontrar. Você não me encontrou nem exteriormente, como pode você interiormente me encontrar? Você já não chegou nem perto de mim, como pode estar num estado de se apegar a mim? Você está longe, distante, você está evitando. Você não disse nem bom-dia, então, qual o problema de dizer adeus?

Primeiro se torne um discípulo. Mova-se pro seu interior, deixe-me ajudá-lo até a última etapa, e então certamente, se você me encontrar no seu caminho interior, mate-me.

Mas acontece que as pessoas só entendem de acordo com suas próprias idéias. Você não entendeu este koan Zen. Lembre-se novamente, não é que o discípulo mate o Mestre em raiva. Ele o mata em gratidão. Na verdade, ele o mata porque o Mestre o ordena a isso; Ele simplesmente segue a ordem – chorando, lamentando, com lágrimas em seus olhos. E mesmo quando ele foi morto, a gratidão permanece.

Os Mestres que estavam dizendo a seus discípulos “se você encontrar o Buda no caminho, mate-o” estavam adorando Buda todo dia, manhã, tarde, noite. Eles estavam se prostrando ante Buda. E muitas vezes devem ter sido inquiridos pelos discípulos: “Senhor, você diz se você encontrar o Buda no caminho, mate-o; Então, por que você o adora?” E ele diria: “Porque ele é o único mestre no mundo… Buda é o único mestre no mundo que ajuda você a livrar-se dele também, daí a gratidão”.

Você não entendeu a frase. Estas frases têm um significado muito diferente do que parece. Para entendê-las, você terá que se tornar um pouco adulto. Até onde estas frases alcançam, você é como uma criança.

Se você me encontrar no caminho, mate-me. Mas primeiro, por favor, esteja no caminho – onde estarei esperando por você, para ser morto por você. Mas você não sabe de uma coisa que nunca é dita. Esta frase é só metade disto; A outra metade – a primeira metade – está faltando. Antes de você poder me matar, eu matarei você. É como você entrará no caminho!

 

Fonte: http://www.universalismo.org/13/05/2009/osho-se-encontrar-buda-no-caminho-mate-o/

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No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando na Alegria. Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas, no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha.

Levou a moedinha ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo, mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Entretanto, quando soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, encheu-se de pena e deu-lhe o óleo que queria. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido: — Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas, com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada da Sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los à Iluminação.

Durante a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia acabado. Mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando Maudgalyayana — o discípulo do Buda — chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: ‘Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia’, e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda, que o observava há algum tempo, disse: — Maudgalyayana: você quer apagar essa lâmpada? Não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama.

— Por que não? — Perguntou o discípulo de Buda.

— Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e de mente. Essa motivação produziu um enorme benefício.

Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda e seria conhecido como Luz da Lâmpada.

*
Em tudo, o nosso sentimento é o que importa. A intenção, boa ou má, influencia diretamente nossa vida no futuro. Qualquer ação, por mais simples que seja, se feita com coração, produz benefícios na vida das pessoas.

Autor desconhecido.

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“Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo.”

“Sua tarefa é descobrir o seu trabalho e, então, com todo o coração, dedicar-se a ele.”

“A paz vem de dentro de você mesmo. Não a procure à sua volta.”

“O segredo da saúde mental e corporal está em não se lamentar pelo passado, não se preocupar com o futuro, nem se adiantar aos problemas, mas viver sabia e seriamente o presente.”

Fonte: http://www.pensador.info/buda/1/

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Extraído do livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, romance épico baseado diretamente na história japonesa, que narra um período da vida do mais famoso samurai de todos os tempos. Trata-se de um diálogo, entre o monge Zen Takuan e  Musashi quando ainda era um aprendiz de samurai. Esse dialógo foi travado quando o monge consegui prender Musashi numa árvore.

A noite vinha chegando. Contrastando com a anterior, a lua  brilhava branca no céu sem nuvens. Quando todos no templo se  aquietaram adormecidos, o monge, cansado dos livros, calçou as sandálias e saiu.

-Takezo! – chamou. Um leve frêmito agitou os ramos, no topo do velho cedro. Gotas de sereno caíram ao seu redor formando uma chuva tênue e brilhante.

– Pobrezinho, já nem tem forças para responder. Takezo, ei, Takezo!  Na mesma hora, um berro possante se fez ouvir:

– Que quer, monge dos infernos? – Era a voz estrondosa de Takezo, cujo ânimo nada lograva abater.

– Ora, ora … – disse o monge, elevando uma vez mais o olhar. Vejo que ainda não perdeu a voz. Nesse passo, creio que é capaz de durar  mais cinco ou seis dias. E então? Está com fome, Takezo?

– Não me faça perder tempo com conversa fiada, bonzo. Ande logo, corte minha cabeça de um vez!

– Nada feito, não ouso cortá-la descuidadamente. Do jeito como você  é atrevido, sua cabeça é capaz de pular e morder meu pescoço, mesmo  depois de separada do corpo. Bem, vamos apreciar o luar.

Takuan sentou-se sobre um pedra próxima.

– Espere aí que já lhe mostro …  Concentrando toda a força do corpo, Takezo pôs-se a sacudir o galho em que se achava amarrado. Folhas e fragmentos de casca choveram sobre o rosto de Takuan. O monge os removeu, limpou os ombros e o peito, e voltou uma vez mais o rosto para o alto:

– Isso, assim é que se faz, gostei de ver! É preciso sentir raiva,  muita raiva para que realmente venham à tona a verdadeira força e o  caráter de uma pessoa. Nestes últimos tempos, anda na moda rotular de intelectual e magnânimo o indivíduo imperturbável, que oculta sua  raiva. Que jovens se ponham a imitar tal atitude, supostamente adulta, constitui indizível absurdo. Gente jovem não deve conter a raiva. Tem de expô-la! Vamos, ranja os dentes, sinta raiva, muita raiva, Takezo!

– Ah, não perde por esperar, bonzo maldito! Eu ainda vou conseguir desgastar essas cordas e rompê-las, e então aterrisarei ao seu lado e o matarei a pontapés!

– Palavras promissoras! Sinto-me orgulhoso! Até que isso aconteça, aqui permanecerei, à espera. Contudo, pense bem: até quando será capaz de  agüentar? Sua vida não se terá acabado muito antes de a corda arrebentar?

– Como é?

– Céus, que força impressionante! Você está conseguindo balançar até a árvore! Mas veja a terra: nem se abala, reparou? Sabe por quê? Porque  não há força em seu ódio – seu ódio é pequeno, é privado, tem origem em rancores pessoais. A indignação de um homem deve ser desprovida de interesses pessoais, devotada à causa pública. Encolerizar-se levado por mesquinhas emoções pessoais é histeria feminina.

– Continue tagarelando à vontade; já vai ver o que lhe acontecerá!

– Não adianta, Takezo, desista! Desse jeito, só vai conseguir cansar-se. Por mais que se debata, nunca conseguirá abalar a terra – nem sequer partir esse galho.

– Maldição!

– Se empregasse toda essa energia a favor, já não diria da pátria, mas ao menos de terceiros, você conseguiria mover céus e terra, até mesmo os deuses, sem falar nos simples mortais! Nesse ponto, Takuan passou a usar o tom que empregava em seus sermões:

– É lamentável, lamentável! Nasceu de humanos, e no entanto é uma fera: e selvagem como uma fera, sem progredir um passo sequer em direção à  condição humana, este jovem tão formoso está condenado a terminar seus dias.

– Cale a boca! – gritou Takezo. Lançou na direção do monge uma cusparada que se pulverizou antes de atingir o solo.

– Agora escute, Takezo, preste atenção: sua força física tornou-o bastante presunçoso, não é verdade? Acreditava não haver no mundo ninguém mais forte que você, estou certo ou não? E agora, que tem a dizer do seu atual estado?

– Você não me derrotou pela força: nada tenho de que me envergonhar.

– Não importa se fiz uso de expedientes ou de palavras, o fato é que o derrotei. Prova disso é que, por mais que se mortifique, aqui estou sentado numa pedra como vencedor e você exibe sua triste figura, dependurado num galho de árvore. Tem idéia do que provocou esta situação?

– …

– Se considerarmos apenas a força física, você é mais forte do que eu, tem toda a razão. Um homem não pode lutar com as mãos limpas contra um tigre, é claro. Mas um tigre é sempre um tigre, um animal inferior ao homem, não se esqueça.

– …

– O mesmo se dá com a sua coragem: todas as suas ações, até agora, demonstraram temeridade, uma falsa coragem que deriva da ignorância. Não são atos de um ser humano, nada têm a ver com a verdadeira força de um bushi. O homem, o verdadeiro bravo, teme o que tem de ser temido, poupa e resguarda a vida – esta pérola preciosa – e procura morrer por uma causa digna. Percebe agora o que há de tão lamentável em tudo isso? Você veio ao mundo possuindo força física e firmeza de caráter, mas é inculto – aprendeu apenas o lado sombrio da arte guerreira, não procurou cultivar a sabedoria e a virtude. “Aperfeiçoar-se no duplo caminho das letras e das armas” – conhece a expressão? Mas que significa “duplo caminho”? Sem dúvida não significa que dois são os  caminhos a serem percorridos em busca do aperfeiçoamento; significa, isto sim, que os dois caminhos, das letras e das armas, estão juntos e perfazem um único caminho. Compreendeu, Takezo? Calou-se a voz sobre a pedra, nada mais disse o vulto sob a árvore. A noite permaneceu negra e serena. Por instantes, reinou o silêncio.

Eiji Yoshikawa

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O Mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente.”

Texto Zen-Budista

Fonte:  http://www.pensador.info/autor/Texto_Zen-Budista/

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De Georges da Silva e Rita Homenko

Texto extraído do livro: “Budismo: Psicologia do Autoconhecimento”

Certa vez, Gautama Buda visitou uma pequena vila chamada Kesaputra, no reino de Kosala, cujos habitantes se chamavam Kalamas. Eles fizeram a seguinte pergunta ao Buda:

“Senhor, alguns anacoretas e brâmanes que passaram por nossa vila divulgaram e exaltaram suas próprias doutrinas e condenaram e desprezaram as doutrinas dos outros. Depois, passaram outros que também, por sua vez, divulgaram e exaltaram as suas doutrinas e também condenaram e desprezaram as doutrinas dos outros. Mas nós, Senhor, estamos sempre em dúvida e perplexos, sem saber qual desses veneráveis expôs a verdade e qual deles mentiu.”

Então o Buda respondeu:

“Sim, é justa a dúvida que sentis, pois ela se originou de um assunto duvidoso. Agora prestem atenção: não vos deixeis guiar pelas palavras dos outros, nem por tradições existentes, nem por rumores. Não vos deixeis guiar pela autoridade dos textos religiosos, nem por simples lógica ou dedução, nem por aparências, nem pelo prazer da especulação sobre opiniões, nem por verossimilhanças possíveis, nem por simples impressão ou pela idéia: ‘Ele é nosso mestre’. Mas, Kalamas, desde que souberdes e sentirdes, por vós mesmos, que certas coisas são desfavoráveis, falsas e ruins, então renunciai a elas.., e quando souberdes e sentirdes, por vós mesmos, que certas coisas são favoráveis e boas, então deveis aceitá-las e segui-las.”

Respondendo aos bhikkhus2 (monges) disse:

“Um discípulo deve examinar a questão mesmo quando o Tathagata (o próprio Buda) a propõe, pois o discípulo deve estar inteiramente convencido do valor real do seu ensinamento – Não acreditem no que o mestre diz simplesmente por respeito à personalidade dele.” (Anguttara-Nikaya III, 65)

Asoka, imperador da Índia no III século a. C., seguindo o nobre exemplo de tolerância e compreensão de Gautama Buda, honrou e sustentou todas as religiões do seu vasto império. Hoje ainda é legível a inscrição original de um de seus editos gravados na rocha:

“Não devemos honrar somente nossa religião, condenando as outras; devemos acima de tudo respeitar todas as crenças, pois sempre há algo a ser apreciado por esta ou aquela razão. Agindo desta forma, glorificamos nossa própria crença e prestamos serviço às demais. De outro modo, prejudicamos a nossa própria religião e fazemos mal à dos outros. Por conseguinte, que todos escutem e estejam dispostos a não se fecharem às doutrinas professadas pelos demais.”

Esse espírito de mútua compreensão deveria ser aplicado não somente em matéria de doutrina religiosa, mas também em assuntos nacionais, políticos, sociais e econômicos.

O Budismo se apresenta sob a forma de um sistema psicológico, moral e filosófico baseado na raiz dos fatos, que podem ser testados e verificados pela experiência pessoal, pois é racional e prático, isento de doutrinas esotéricas (ocultas).

O espírito de tolerância e compreensão foi sempre um dos ideais da cultura e civilização budista. A seu crédito deve ser dito que, durante um período pacífico de 2 500 anos, nenhuma gota de sangue foi derramada em nome do Budismo e nenhuma conversão jamais foi feita quer pela força, ou por qualquer outro método de repressão.

Notas:

  1. Sutta (pali) ou sutra (sânscrito): discursos de Gautama Buda, em prosa, que podem ser facilmente compreendidos.
  2. Bhikkhu: monge budista da Escola Theravada.

Fonte: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=499

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